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SOP

SOP: um problema incompreendido

Muitas vezes, as síndromes médicas são nomeadas muito antes de serem totalmente compreendidas. Tomemos  como exemplo a Síndrome dos Ovários Policísticos, ou SOP, que afeta até 10% das mulheres em idade reprodutiva, muitas vezes, prejudicando sua fertilidade.

Nem todas essas mulheres têm ovários policísticos, fato que pode resultar em erros de diagnóstico. Acontece que os cistos – sacos de líquido nos ovários – são apenas uma manifestação de uma condição hormonal complexa.

Descrita pela primeira vez em 1935, a SOP foi inicialmente chamada de Síndrome de Stein-Leventhal, pelos dois ginecologistas americanos que a identificaram, Dr. Irving F. Stein e Dr. Michael L. Leventhal. Eles reconheceram que os cistos ovarianos podem interromper a ovulação e causar infertilidade em um número significativo de mulheres.

“Ciclos menstruais irregulares e dificuldade para conceber estão entre os sintomas mais comuns, resultado de folículos ovarianos que não amadurecem completamente e liberam óvulos. As mulheres afetadas geralmente têm ovários aumentados e, quando ocorre a menstruação, há sangramento prolongado”, afirma o especialista em Reprodução Assistida, Pedro Peregrino, diretor da Clínica Venvitre.

Com o tempo, mais cistos – folículos inchados, na verdade – podem se formar. Em um exame de ultrassom, eles se assemelham a um colar de pérolas esticadas sobre a superfície do ovário. No entanto, alguns especialistas acreditam que os cistos são um resultado, e não a causa, da síndrome.

Principais sintomas

Não é certo também que a condição começa nos ovários… De fato, mulheres com poucos ou nenhum cisto ovariano podem ser diagnosticadas com SOP. De acordo com os chamados critérios de Rotterdam, uma mulher com quaisquer dos seguintes sintomas pode ter a condição:

  • Níveis elevados de andrógenos ou hormônios sexuais masculinos no sangue;
  • Devido ao aumento de hormônios masculinos, podem aparecer acne, pilosidade excessiva (hirsutismo) e, às vezes, queda de cabelo com padrão masculino;
  • Menstruações irregulares, com períodos prolongados entre os ciclos;
  • Doze ou mais cistos foliculares nos ovários, conforme observado em um ultrassom.

“Estudiosos da doença sugerem que a resistência à insulina pode ser o fator subjacente responsável pelos sintomas díspares da SOP”, diz Pedro Peregrino. Em pessoas resistentes à insulina, o hormônio não transfere efetivamente a glicose do sangue para as células do corpo para ser usada como energia. À medida que os níveis de glicose no sangue aumentam, mais insulina é produzida para tentar baixá-la.

O excesso de insulina promove o armazenamento de gordura e pode resultar em ganho de peso e obesidade. Cerca de metade das mulheres americanas com SOP são obesas. A insulina também pode estimular os ovários a produzir andrógenos. Mesmo assim, algumas mulheres jovens com muitos cistos ovarianos não têm SOP, bem como algumas mulheres com síndrome metabólica e resistência à insulina são magras.

Pedro Peregrino destaca que a SOP tende a aparecer em várias mulheres da mesma família, com genes predisponentes passados de um dos pais para filhas e filhos. Nos homens afetados, calvície precoce ou pilosidade excessiva podem ser um sinal de que os genes foram herdados. Nas mulheres, os sintomas podem variar de muito leves a extensos.

Desregulação endócrina

Alguns especialistas acreditam que o maior problema da SOP pode não ser a resistência à insulina, mas a desregulação hormonal do hipotálamo. Essa pequena região na base do cérebro produz hormônios que estimulam a glândula pituitária, que por sua vez afeta órgãos de todo o corpo.

Na maioria das mulheres com SOP, a glândula pituitária produz quantidades excessivas de hormônio luteinizante, que, como a insulina, pode estimular os ovários a secretarem andrógenos. “Quando os folículos ovarianos estão crescendo, as mulheres com SOP também produzem altos níveis de estradiol, mas baixos níveis de progesterona, resultando em um revestimento uterino espesso e, com o tempo, um risco aumentado de câncer de endométrio”, afirma o diretor da Venvitre.

Não há cura para a SOP. A melhor abordagem de tratamento é individualizada, dependendo dos objetivos de cada paciente. Para mulheres com intervalos prolongados entre as menstruações ou pilosidade excessiva, ou ambos, anticoncepcionais contendo estrogênio e progestágeno são usados para regular o ciclo menstrual e suprimir a produção de andrógenos.

Frequentemente, o medicamento para pressão arterial espironolactona também é administrado para neutralizar a acne ou o hirsutismo causados por andrógenos em mulheres adultas.

Para uma mulher que está tentando engravidar é necessário um tratamento diferente. “Duas drogas, clomifeno e letrozol, são comumente prescritas para estimular a ovulação. Ambos os medicamentos estimulam a hipófise a secretar hormônio folículo-estimulante (FSH), que aumenta o crescimento de pequenos folículos e, portanto, pode desencadear a ovulação. A maioria das mulheres com SOP que se submetem à indução da ovulação concebem e têm filhos”, diz Peregrino. 

Obesidade

Talvez o maior desafio  da SOP envolva a redução de peso. Perder 10% do peso corporal pode resultar em ciclos menstruais mais regulares e níveis reduzidos de testosterona. Para mulheres com SOP, a dieta mais eficaz para atingir e manter a perda de peso é baixa em carboidratos, em vez da dieta pobre em gordura.

O exercício regular, moderado ou vigoroso, feito cinco ou mais vezes por semana associado a uma dieta balanceada e pobre em carboidratos, é uma parte importante do tratamento também.

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