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Congelamento de Óvulos

Sobre o Congelamento de Óvulos

Vamos começar a falar desse assunto respondendo algumas perguntas:

  • Você tem por volta de 30 anos e não vislumbra engravidar nos próximos 5 anos?
  • Você já postergou o seu plano de engravidar em função da sua carreira ou de um projeto educacional?
  • Você cogita adiar a maternidade mais um pouco até encontrar o par ideal e formar uma família?

Se você disse sim a qualquer uma das perguntas acima, você precisa saber um pouco mais sobre congelamento de óvulos.

Vamos lá?

De acordo com um estudo recente, a pandemia do COVID-19 provocou um aumento no número de mulheres que congelaram seus óvulos para preservar a fertilidade. E com Jennifer Aniston falando recentemente sobre sua experiência com a fertilização in vitro (FIV) – e desejando ter congelado seus óvulos – essa é uma estatística que pode avançar ainda mais.

Para continuarmos falando sobre congelamento de óvulos é importante que você saiba que o especialista em Reprodução Assistida, além de tratar a infertilidade, ocupa-se também do planejamento reprodutivo e da preservação da fertilidade. E o congelamento de óvulos é uma das técnicas que se encaixa nestes dois segmentos.

Relógio biológico ou reserva ovariana

Para entender a importância do congelamento de óvulos e a popularização dessa técnica é importante saber que a mulher nasce com todos os óvulos que vai usar durante a vida, cerca de 1 a 2 milhões de óvulos.

E ela já chega à puberdade com 250 mil, tendo durante a vida cerca de 500 ciclos menstruais, onde vários óvulos são recrutados e descartados. Esse processo se repete até a mulher entrar na menopausa, quando esse estoque de óvulos termina.

O relógio biológico feminino é real. Com o passar do tempo, a reserva ovariana vai decaindo quantitativamente e qualitativamente, diminuindo as chances de gravidez, principalmente após os 35 anos, quando ela pode precisar de ajuda médica para engravidar, inclusive das técnicas de reprodução assistida.

A técnica de congelamento de óvulos surge como uma alternativa para a mulher “fazer o relógio biológico parar”. A ideia é congelar os óvulos enquanto eles ainda têm qualidade, ou seja, idealmente até 35 anos.

Hoje existem exames que podem mostrar como está a reserva ovariana, permitindo que o especialista em Reprodução Assistida oriente apropriadamente a mulher.

Dispomos de duas ferramentas para avaliação da reserva ovariana do ponto de vista quantitativo: a contagem de folículos antrais e o hormônio antimulleriano.

A contagem de folículos antrais é realizada por ultrassonografia pélvica transvaginal, em que se avalia o número de folículos pequenos nos ovários. São esses folículos que começam a primeira onda folicular daquele ciclo e que crescem na estimulação ovariana. Geralmente, essa contagem é feita nos primeiros dias do fluxo, nos primeiros cinco dias do ciclo menstrual.

O hormônio antimulleriano (o AMH) é a segunda ferramenta de grande valor para que possamos avaliar a reserva ovariana.

Ele pode ser coletado em qualquer momento do ciclo menstrual, a qualquer hora do dia.

“Os resultados dos estudos sobre congelamento de óvulos fornecem expectativas realistas para as pacientes que consideram fazer o procedimento e demonstram que a tecnologia de congelamento de óvulos capacita as mulheres a terem maior autonomia reprodutiva”.
Dr. Pedro Peregrino

Indicação do procedimento

O congelamento de óvulos pode ser feito por opção da mulher – congelamento social ou eletivo – ou por indicação médica e de urgência.

O congelamento de óvulos social está indicado para:

  • Mulheres que pensam em engravidar, no futuro, ou ainda nem pensam sobre isso;
  • Muheres que desejam adiar a gravidez, pois este não é o momento de vida ideal;
  • Mulheres que precisam priorizar a vida profissional e acadêmica;
  • Mulheres que ainda não encontraram o parceiro ideal.

O congelamento de óvulos por indicação médica está indicado para:

  • Mulheres que têm doenças ginecológicas que podem causar infertilidade como endometriose e cistos ovarianos;
  • Mulheres com baixa reserva ovariana;
  • Mulheres que têm um histórico de menopausa precoce na família;
  • Mulheres que vão realizar a laqueadura e não têm certeza se desejam ter mais filhos ou não;
  • Mulheres que vão se submeter a tratamentos oncológicos;
  • Homens trans que iniciarão a hormonioterapia.

O congelamento de óvulos é adequado para você?

A preservação da fertilidade do paciente com câncer

O congelamento de óvulos surge, hoje, como uma alternativa para a mulher fazer uma gestão proativa da sua fertilidade, fazendo o “relógio biológico” parar. Mas a técnica pode ser empregada também na preservação da fertilidade da paciente com câncer.

A oncofertilidade é uma área da medicina que trata exatamente disso: da preservação da fertilidade em pacientes que serão submetidas aos tratamentos de câncer.

Muitos tratamentos de câncer, como quimioterapia, radioterapia e cirurgia, podem danificar as células germinativas no corpo, que são responsáveis pela produção de óvulos, o que pode levar à infertilidade.

Dentre as opções para preservar a fertilidade das pacientes, antes que elas iniciem o tratamento de câncer, podemos enumerar:
CONGELAMENTO DE EMBRIÕES
Técnica aplicada para conservar embriões, semelhante a que é empregada no congelamento de óvulos, para que possam ser transferidos para o útero posteriormente para se conseguir uma gravidez. Esses embriões são formados em ciclos de FIV ou ICSI.
CONGELAMENTO DE TECIDO OVARIANO
Consiste em retirar todo ou parte de um ovário por laparoscopia. O tecido do ovário é cortado em pequenas tiras, congelado e armazenado. Após o tratamento do câncer, o tecido ovariano é descongelado e reimplantado na pelve.
TRANSPOSIÇÃO DOS OVÁRIOS
Técnica que consiste em deslocar os ovários da área da pelve que irá receber radiação, no caso de pacientes que serão submetidas à radioterapia, e realocá-los no lugar original após o término do tratamento oncológico.
MEDICAMENTOS PROTETORES
Uso de medicamento protetores da reserva ivariana durante a quimioterapia.

O passo a passo para o congelamento de óvulos

O processo de congelamento de óvulos se parece muito com o da fertilização in vitro (FIV), mas vou descrever aqui o passo a passo para você compreender melhor todo o processo.
1.

Estimulação Ovariana

O ovário só consegue amadurecer um óvulo por mês. Por esse motivo, a paciente inicia um tratamento para a estimulação ovariana a partir do segundo ou terceiro dia da menstruação, objetivando o crescimento de um número maior de folículos com produção de um maior número de óvulos maduros. O processo é realizado por meio da aplicação de injeções do hormônio gonadotrofina na região da barriga por aproximadamente 10 dias.
2.

Coleta de óvulos

Por volta do 12º dia, dois dias após o último dia do estímulo, a paciente em jejum é sedada no centro cirúrgico e o procedimento é feito por meio da aspiração a vácuo guiada por ultrassom. Uma espécie de agulha ligada a um aparelho de ultrassom transvaginal é introduzida através do fundo vaginal até os ovários para aspirar os folículos. A coleta dura entre 15-30 minutos. Os óvulos estão localizados nos folículos. No procedimento, são aspirados o líquido de todos os folículos com o objetivo de congelar todos os óvulos maduros. O número ideal é em torno de 15 óvulos congelados. Esta quantidade, contudo, depende do número de folículos saudáveis disponíveis no momento em que a coleta é feita.
3.

Congelamento dos óvulos

Os óvulos são extraídos dos folículos em laboratório, aproximadamente duas horas após a coleta. O método mais utilizado é o congelamento rápido de óvulos, em que somente os maduros e de boa qualidade morfológica passam pela vitrificação. Ou seja, são tratados com substâncias que evitam a formação de cristais. Depois disso, eles são imersos em nitrogênio líquido a -196ºC. Depois do congelamento, os óvulos são criopreservados em nitrogênio líquido por tempo indeterminado até que você decida usá-los. Neste momento, eles serão descongelados e fertilizados por um espermatozoide com o emprego da FIV ou da ICSI.

O que esperar do congelamento de óvulos

Desde que o congelamento de óvulos deixou de ser um procedimento experimental, pela Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva, em 2012, o número de mulheres que congelaram seus óvulos disparou.

E o que temos visto e aprendido em todos esses anos? Que o congelamento de óvulos é uma estratégia que precisa ser feita com orientação apropriada. Não há um bebê no freezer. Há uma chance de engravidar no futuro.

Uma pesquisa recente, a primeira desse tipo feita nos EUA, descobriu que, para a maioria das mulheres, o congelamento de óvulos infelizmente não resultará no nascimento de uma criança.

O estudo faz coro com uma pesquisa anterior que descobriu que as mulheres que congelam seus óvulos com mais de 40 anos provavelmente não terão um filho a partir deste procedimento.

Por isso recomendamos que o congelamento de óvulos seja feito antes dos 35 anos, porque a partir dessa idade acontece um comprometimento da qualidade dos óvulos, que vai piorando progressivamente, sendo bastante acentuada a partir dos 40 anos.

Além da idade em que uma mulher decide congelar os óvulos, o número de óvulos congelados também é fundamental para o sucesso futuro. A pesquisa confirma que quanto mais óvulos são congelados, maior a taxa de natalidade.

Pensando em fazer
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