Problemas genéticos afetam a fertilidade!
Estima-se que aproximadamente 50% dos casos de infertilidade sejam causados por problemas genéticos. A história familiar desempenha um papel relevante quando se trata de certas condições que podem levar à infertilidade. Além disso, os cientistas ainda estão trabalhando para descobrir como a genética pode afetar os problemas de fertilidade.
Alguns especialistas dizem que os pesquisadores ainda não sabem o que causa a infertilidade em cerca de 20% a 30% dos casos, quando a reserva ovariana, a função do sêmen, as trompas de Falópio e o útero são testados e parecem estar funcionando normalmente. Outros médicos suspeitam que esses casos podem de alguma forma estar relacionados aos fatores de comportamento e estilo de vida, como nutrição, peso, exercícios e até níveis de estresse.
Listamos, a seguir, as descobertas sobre como os problemas genéticos podem ou não afetar as suas chances de engravidar:
Anormalidades cromossômicas e doenças genéticas
Vamos começar com o que sabemos com certeza: muitas pessoas são incapazes de conceber ou levar uma gravidez a termo com sucesso devido a anormalidades genéticas e cromossômicas. O que isso significa é que alguns indivíduos herdaram uma condição que pode prejudicar o desenvolvimento das células espermáticas ou tornar quase impossível que um embrião se implante ou se desenvolva normalmente no útero.
Existem alterações cromossômicas, onde parte de um cromossomo está faltando, e mutações, que envolvem mudanças no DNA. Há também translocações, quando pedaços cromossômicos se ligam ao cromossomo errado. Pode haver inversões, onde o cromossomo está de cabeça para baixo, e, também algo chamado aneuploidia, caso em que há muitos ou poucos cromossomos. Problemas genéticos podem ser transmitidos pelos pais ou podem ocorrer no feto espontaneamente, sem qualquer razão.
“Se alguém é portador de um cromossomo irregular, o embrião pode receber informações genéticas ausentes ou extras, o que pode resultar em aborto espontâneo ou outro problema reprodutivo”, explica o especialista em Reprodução Assistida, Pedro Peregrino, diretor da Clínica Venvitre.
Vale a pena notar que essas anormalidades podem ocorrer aleatoriamente em um feto de pais cromossomicamente normais, mas várias também são transmitidas entre gerações. Por exemplo, se sua mãe tem um cromossomo X anormal, você tem 50% de chance de herdar esse cromossomo X irregular, aponta o Instituto Nacional de Saúde.
Existem também doenças raras e hereditárias de um único gene, como a síndrome do X frágil, a fibrose cística (FC) e a doença de Tay-Sachs, que podem levar a problemas genéticos e potencialmente causar problemas de fertilidade.
Endometriose e miomas têm múltiplas causas
Não há uma resposta definitiva sobre o quanto a endometriose é resultado da genética. Essa condição é considerada multifatorial, o que significa que há fatores ambientais, herdados e adquiridos em jogo.
Com a endometriose, a genética é incompletamente compreendida. Provavelmente há vários genes envolvidos, por isso é difícil identificar essa causa genética específica. “Em geral, há um risco aumentado se você tiver familiares de primeiro grau com endometriose. Se, por exemplo, sua mãe ou irmã tem endometriose, você tem aproximadamente cinco a sete vezes mais chances de ser diagnosticada com a doença do que uma mulher que não tem um parente próximo a ela com endometriose”, diz Pedro Peregrino.
O mesmo vale para os miomas, que são tumores pequenos e benignos que crescem no interior da cavidade uterina e impedem a fixação do embrião. Se sua mãe ou irmã tem miomas, você tem um risco ligeiramente maior de tê-los também – mas, novamente, não é uma garantia. E certas populações, como a negra, são cerca de três a quatro vezes mais propensas a desenvolver miomas uterinos.
A idade da menopausa tende a se repetir nas famílias
A idade e a velocidade com que os óvulos declinam provavelmente também têm um componente genético. Alguns especialistas acreditam que a idade em que sua mãe experimentou a menopausa é um dos melhores preditores de quando você passará pela menopausa.
“A idade da menopausa tende a se correlacionar muito bem entre os membros da família. Se você tem um membro da família que passou pela menopausa mais cedo, corre um risco maior de sofrer da mesma perda precoce do potencial reprodutivo”, alerta o diretor da Clínica Venvitre.
Algumas mulheres experimentam insuficiência ovariana primária, na qual a menopausa começa antes dos 40 anos. Pesquisas descobriram que em 10% a 15% dos casos de menopausa precoce, havia um membro imediato da família com a doença.
Síndrome do ovário policístico geralmente é uma condição genética
A síndrome do ovário policístico (SOP), um desequilíbrio hormonal que causa cistos e períodos irregulares, é uma das causas mais comuns de infertilidade. Estudos mostraram que a SOP é fortemente influenciada pela genética, embora também haja contribuições ambientais.
“Definitivamente há uma predisposição genética para SOP que é provavelmente maior do que a de endometriose e a de miomas. Alguns estudos mostraram que até 40% das irmãs podem ter alterações hormonais semelhantes ou problemas consistentes com a SOP”, diz o diretor da Venvitre.