Doação de sêmen: dificuldades no caminho
Apenas 4% dos homens que se candidatam a se tornar doadores de sêmen concluem o processo e têm amostras de esperma aprovadas para uso na reprodução medicamente assistida, de acordo com pesquisa publicada na revista Human Reproduction.
A descoberta veio de uma análise do processo de inscrição de doadores, que analisou dados de 11.712 homens nos Estados Unidos e na Dinamarca que se inscreveram em um grande banco internacional de esperma.
55% foram eliminados logo no início porque não devolveram os questionários, faltaram às consultas ou cancelaram a inscrição. 17% foram rejeitados por motivos de saúde (como doenças infecciosas ou genéticas), 12% por falha na triagem de estilo de vida e 12% por má qualidade seminal.
Anonimato proibido
Os pesquisadores também descobriram que cerca de 40% dos inscritos para doação concordaram em disponibilizar suas identidades para qualquer criança nascida de suas doações, pois no Reino Unido, por exemplo, a doação anônima de esperma é ilegal.
Nos Estados Unidos, o Colorado aprovou uma lei que baniu a doação anônima de sêmen e óvulos, que entrará em vigor em 2025. Mas nenhum outro estado americano até agora proibiu doações anônimas de esperma (ou óvulos).
Anonimato é a regra
No Brasil, a doação de sêmen é voluntária e anônima, sem caráter lucrativo e os homens devem passam por rigorosos exames de saúde antes de serem aceitos como doadores.
“A doação de sêmen é importante e deve ser incentivada porque permite que as pessoas que têm dificuldades – infertilidade, casais homoafetivos e indivíduos solteiros – para conceber possam ter filhos”, afirma o especialista em Reprodução Humana Assistida, Pedro Peregrino, diretor da Clínica Venvitre.
Os bancos de sêmen no Brasil funcionam como instituições que coletam, armazenam e distribuem sêmen para os pacientes que necessitam passar por tratamentos de reprodução assistida.
“Os doadores de sêmen passam por uma série de exames médicos para garantir que o material genético é seguro para uso. Esses exames incluem testes para doenças sexualmente transmissíveis, como HIV, sífilis e hepatite B e C, além de outros testes como os de cariótipo”, explica Pedro Peregrino.
Os bancos de sêmen guardam informações anônimas sobre os doadores, incluindo dados sobre aparência física, histórico médico e educacional. Essas informações são fornecidas aos pacientes que estão procurando doadores, para que eles possam escolher o doador que melhor se adequa às suas necessidades.