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Doação de gametas

Doação de Gametas: saiba mais

A demanda pela doação de gametas – óvulos e espermatozoides de doadores – supera a oferta na Austrália. Para descobrir o que pode tornar o recrutamento de doadores mais bem-sucedido, os pesquisadores australianos entrevistaram 1.000 pessoas, perguntando se já haviam doado gametas (óvulos ou esperma) e, se não haviam feito isso, perguntaram os motivos. 

Apenas oito pessoas haviam doado seus gametas. Dos que não doaram, alguns deram motivos que mostravam que jamais cogitariam ser doadores. No entanto, outros indicaram que, em algumas circunstâncias, poderiam estar dispostos a doar.

Quem precisa de óvulos e espermatozoide de doadores?

Na Austrália e em alguns outros países, incluindo Reino Unido, Nova Zelândia e  Suécia , os doadores de óvulos e espermatozoides, não podem ser pagos e devem concordar que sua identidade pode ser conhecida por qualquer criança nascida como resultado de sua doação quando completarem 18 anos. Em outros países, incluindo os Estados Unidos e alguns países da Europa, os doadores podem ser pagos e permanecerem anônimos. 

“No Brasil, a doação de gametas tem caráter gratuito. E a demando por sêmen  e óvulos é muito maior que a oferta, o que ocasionou um grande aumento da importação de sêmen e óvulos nos últimos anos. O procedimento para importar células e tecidos germinativos (sêmen, oócitos e embriões) segue padrões definidos pela Anvisa”, explica o especialista em Reprodução Assistida, Pedro Peregrino, diretor da Clínica Venvitre. 

Os óvulos e espermatozoides doados permitem que pessoas que de outra forma seriam incapazes de ter filhos se tornem pais. Homens em relacionamentos com pessoas do mesmo sexo podem se tornar pais com a ajuda de uma doadora de óvulos e de um útero de substituição. 

Para mulheres em relacionamento com pessoas do mesmo sexo, mulheres solteiras e casais heterossexuais em que o parceiro masculino não produz espermatozoides, o material de um doador torna possível a paternidade. E para as mulheres que, devido à idade, não produzem óvulos viáveis, os gametas doados por uma mulher mais jovem representam uma boa chance de ter um bebê.

Em países onde doadores são pagos para doar seus óvulos e espermatozoides e podem permanecer anônimos, óvulos e espermatozoides de doadores estão disponíveis para aqueles que precisam e podem pagar. 

Mas na maioria dos países onde apenas doações altruístas são permitidas e onde os doadores não podem ser anônimos, há escassez de doadores, como ocorre no Brasil. Isso significa que algumas pessoas que precisam de óvulos ou espermatozoides de doadores precisam entrar em uma lista de espera, tentar encontrar seu próprio doador (amigo ou parente) ou importar o material de bancos estrangeiros.

Vamos aos dados da pesquisa

Sabemos que a maioria das pessoas que doam seus óvulos e espermatozoides são motivadas pelo altruísmo e pelo desejo de ajudar pessoas inférteis a terem filhos. Quando os doadores são pagos, a compensação financeira também é um motivador. 

Mas pouco sabemos sobre as pessoas que não doam. A pesquisa australiana on-line foi atrás dessas respostas. Das 1.035 pessoas que completaram a pesquisa, apenas oito haviam doado óvulos ou espermatozoides. As respostas escritas que os não doadores deram sobre o porquê não doaram óvulos ou espermatozoides foram analisadas e revelaram quatro razões principais:

  • Barreiras: algumas pessoas não podiam doar, talvez porque tivessem feito vasectomia ou fossem inférteis;
  • Objetores de consciência: alguns consideraram que doar óvulos ou espermatozoides era contra suas crenças religiosas ou normas culturais. Alguns fizeram comentários que refletiam uma recusa firme sem mencionar qualquer motivo específico, por exemplo: “De jeito nenhum eu faria isso, nem em um milhão de anos”;
  • Disposição condicional: alguns comentários sugeriram que alguns não doadores poderiam considerar se tornar um doador de óvulos ou espermatozoides se os requisitos específicos fossem cumpridos. Isso incluía coisas como se eles tivessem mais informações sobre o que envolve a doação, se um membro da família ou amigo próximo precisasse de óvulos ou espermatozoides, se eles já tivessem formado a própria família, se um futuro parceiro os apoiasse para doar óvulos ou espermatozoides ou se fossem pagos para doar;
  • Não considerado: algumas pessoas nunca pensaram ou tomaram uma decisão ativa sobre doar ou não. Isso se refletiu em comentários tais como “Nunca pensei nisso” ou “Ninguém me perguntou”. Algumas pessoas deram várias razões para não doar, e às vezes, elas se encaixavam em mais de um tema. O tema mais comum foi a vontade condicional (aproximadamente 65%), seguido pelos temas “não considerado” (aproximadamente 35%) e “barreiras” (aproximadamente 20%). O tema menos comum foi o “objetor de consciência” (aproximadamente 12%). 

Como podemos atrair mais doadores?

“Este estudo mostra que há potencial para aumentar o número de doadores de óvulos e espermatozoides, melhorando a conscientização sobre a necessidade de doadores e como as doações podem ajudar pessoas que não podem ter filhos a tê-los de outra maneira”, defende Pedro Peregrino. 

E, embora o altruísmo seja uma pedra angular na regulamentação de doação de óvulos e espermatozoides, uma compensação razoável por tempo e esforço pode aumentar o número de pessoas dispostas a doar para ajudar outras pessoas a alcançarem a parentalidade.

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