Congelamento de espermatozoides: saiba mais
Estamos atualmente debruçados sobre os benefícios do congelamento social de óvulos e diversos estudos estão sendo feitos sobre a técnica para assegurar a segurança do procedimento. Mas e o tempo de congelamento de espermatozoides conta para o sucesso da FIV? Vamos descobrir!
Apesar do limite de tempo imposto em muitos países para o armazenamento de amostras de sêmen congelado, um novo estudo chinês descobriu que o congelamento de espermatozoides de longo prazo em banco de esperma não afeta os resultados clínicos futuros.
Os resultados são baseados em uma análise retrospectiva de 119.558 amostras de sêmen de doadores de esperma no Human Sperm Bank. Para fins de análise, as amostras foram organizadas em três grupos: aquelas mantidas em criopreservação pelo período entre 6 meses e 5 anos; aquelas armazenadas entre 6 e 10 anos; e aquelas armazenados entre 11 e 15 anos.
O estudo descobriu que a taxa de sobrevivência do esperma após o descongelamento diminuiu de 85% para 73% após 15 anos de congelamento. No entanto, este declínio fez pouca diferença para a taxa de gravidez usando essas amostras para inseminação intrauterina, com taxas de gravidez de 23%, 22,3% e 22,3%, nos três grupos de armazenamento, respectivamente.
As taxas de sucesso foram similarmente comparáveis quando as amostras de esperma congeladas foram usadas na fertilização in vitro, com taxas de gravidez de 64,2%, 64,9% e 53,4% nos três grupos. Considerando a taxa de nascidos vivos e de abortamento, também não houve diferença significativamente estatística entre os grupos.
Os autores ressaltam que essas altas taxas de sucesso foram alcançadas com esperma de doadores rastreados, o que não é necessariamente representativo na qualidade dos espermatozoides da população em geral.
Segundo os autores do estudo, os doadores deste banco de esperma estavam em boa saúde, de acordo com exame físico e avaliação psicológica e não tinham história familiar de doença genética. Em função dessas precauções, as taxas de nascidos vivos são apropriadas.
“Por isso, as implicações do estudo são muito relevantes: o armazenamento, a longo prazo, de espermatozoides não parece afetar as taxas de natalidade”, afirma o especialista em Reprodução Humana Pedro Peregrino, diretor da Clínica Venvitre.
Há pelo menos dois relatos na literatura sobre gravidezes bem-sucedidas usando sêmen humano armazenado por mais de 20 anos, o primeiro no Reino Unido, após 21 anos de armazenamento, e o segundo nos EUA, após 40 anos de armazenamento.
O estudo chinês encontrou um pequeno declínio, mas estatisticamente significativo, na taxa de sobrevivência espermática durante o período de 15 anos.
Por isso, os pesquisadores recomendam que os bancos de sêmen forneçam espermatozoides de acordo com a sua ordem de criopreservação, pois muitos estudos mostram que alguns espermatozoides não sobrevivem ao processo de descongelamento.