A idade da mulher é apenas um número?
Já sabemos que a idade da mulher é o definidor de toda a estratégia dos tratamentos de reprodução assistida. A idade da mulher conta muito, quando falamos do desejo de engravidar e formar uma família, pois é a partir dela que o especialista em reprodução humana pode auxiliar o casal ou a paciente a tomar as melhores decisões reprodutivas.
Por isso é muito importante fazer uma reflexão sobre um estudo que mostrou que as revistas populares geralmente apresentam celebridades grávidas em suas capas (na faixa dos 40 anos), sem mencionar os riscos da gravidez em idade materna avançada ou as tecnologias e os métodos reprodutivos avançados necessários para alcançar essas gestações.
Ao minimizar o declínio da fertilidade com o avanço da idade da mulher, as revistas provavelmente contribuem para a crença das mulheres de que elas podem adiar a gravidez com segurança até idades posteriores. O estudo foi publicado no Journal of Women’s Health.
“A idade é apenas um número: como as revistas voltadas a celebridades deturpam a fertilidade em idades reprodutivas avançadas” é o nome do estudo. Os pesquisadores examinaram 416 edições de revistas destinadas a mulheres em idade reprodutiva e descobriram que a fertilidade era destacada em um terço das capas, incluindo a menção de 240 celebridades diferentes.
Mais da metade das celebridades tinha idade materna avançada, mas havia apenas duas menções aos riscos de gravidez associados a esta condição. Um terço das gravidezes de mulheres com idade materna avançada era de celebridades com 40 anos ou mais; no entanto, nos artigos das revistas houve pouca ou nenhuma discussão sobre a necessidade de intervenções avançadas para alcançar a gravidez, como a fertilização in vitro e a necessidade de gametas de doadores.
“É fácil se sentir atraído pela capa de uma revista popular que mostra uma celebridade feliz grávida, aos 40 anos, e pensar que a fertilidade é a norma nessa fase da vida reprodutiva da mulher. Muitas vezes, nas reportagens não são mencionadas as tecnologias de reprodução assistida e os riscos associados a essas gravidezes tardias”, defendem os autores do estudo.
A gravidez em idade avançada
Halle Berry, Janet Jackson, Mariah Carey: essas são apenas algumas celebridades que deram à luz bem depois de completar 40 anos. Folheando as revistas femininas no supermercado, você verá histórias de mulheres, algumas até com 50 anos, que agora são mães orgulhosas.
“Os avanços na medicina reprodutiva tornaram possível o que antes parecia impossível. Mas o que você lê nas revistas de celebridades nem sempre pode ser a história toda. Sim, uma mulher de 45 anos pode ter gêmeos saudáveis, mas ela muito provavelmente usou óvulos de doadores em conjunto com a fertilização in vitro ou qualquer outro tratamento de infertilidade. Seu parceiro masculino também pode ter precisado de uma extração de esperma ou outro procedimento”, afirma o especialista em Reprodução Humana Pedro Peregrino, diretor da Clínica Venvitre.
Os tratamentos modernos curaram a infertilidade? Todos os que desejam iniciar uma família podem fazê-lo? Qual é a verdade por trás dessas manchetes?
“A realidade é que os tratamentos de infertilidade estão evoluindo e melhorando, mas a esperança deve ser alimentada com expectativas realistas. Se você deseja conceber tradicionalmente, isso requer planejamento reprodutivo, pois o relógio biológico é real. A reserva ovariana feminina se esgota. No entanto é preciso saber que há muitas maneiras pelas quais as pessoas podem se tornar mães e pais na faixa dos 40 anos. O especialista em Reprodução Humana Assistida pode orientar cada caso com propriedade”, explica Pedro Peregrino.